O gerenciamento em saúde é um termo amplo que requer uma análise mais aprofundada. Responsável pela administração hospitalar e processos burocráticos, a atividade é essencial para o bom funcionamento dos centros clínicos.
Todo o funcionamento das instituições de saúde tem como finalidade a prestação de serviços assistenciais. Entretanto, é preciso ter em mente que a eficácia do atendimento ao usuário só é possível com um embasamento estrutural.
Isso corresponde aos setores administrativos de recursos humanos, compras, financeiro e estoque. A função do gestor é, portanto, fazer um planejamento estratégico e implementá-lo de maneira efetiva no centro de saúde.
O profissional responsável pelo gerenciamento não pode ser apenas um especialista da saúde ou entender de política. Ele precisa ter a capacidade de coordenar equipes e processos, poupando recursos e investindo nas áreas que realmente necessitam.
Os planos de saúde e atendimento privado acolhem 46,6 milhões de pessoas no Brasil, segundo o Ministério da Saúde. Portanto, na atual situação econômica, a figura do gestor ganha cada vez mais destaque.
Cada ação é valiosa para fidelizar pacientes e manter a instituição atuando com excelência em um mercado competitivo. O grande desafio está nas complexidades que envolvem o setor de saúde.
Este panorama também se estende à saúde pública. Até 2011 havia 6.528 hospitais e 38 mil unidades básicas de saúde credenciados, responsáveis por 75% dos procedimentos de alta complexidade no país.
O conceito de atenção básica faz parte da constituição do Sistema Único de Saúde. Com uma concepção ampliada de gerenciamento em saúde, o SUS estabelece diretrizes e políticas para todos os serviços de saúde do país.
Dificuldades de acesso à saúde
A dificuldade em identificar a demanda acaba impossibilitando a mensuração regular de acesso aos serviços de saúde. Pela pesquisa “Um panorama da Saúde no Brasil”, com dados da PNAD 2008, é possível ter uma dimensão da situação.
Na época, dos 27,5 milhões de brasileiros que procuraram um serviço de saúde, 281 mil não foram atendidos. Além disso, 5,9 milhões declararam não ter procurado um serviço de saúde por falta de dinheiro, distância da unidade de saúde, incompatibilidade de horário ou demora no atendimento.
Isso indica que 20% das pessoas que precisaram de um serviço de saúde não obtiveram suporte. Os números não se distinguem entre os setores público e privado.
Desafios do gerenciamento em saúde
Muitos profissionais que atuam como gestores no setor da saúde não têm uma formação específica para tal. Pode ser que ele não seja capaz de enxergar o todo, já que só conhece as atividades que pratica.
Para gerenciar uma área tão complexa é preciso entender como todas os trabalhos se encaixam no processo. O gerenciamento corresponde à concepção, planejamento e controle de diferentes atividades.
Por isso, é tão importante que o profissional responsável pela administração tenha habilidades técnicas, políticas e psicossociais. Sabendo também que as atividades-meio são fundamentais para um atendimento satisfatório.
Neste sentido, gerir exige um bom conhecimento da instituição, tendo em vista seus objetivos e sua missão. Pode abranger questões situacionais e burocráticas, formalizando práticas administrativas e adaptando-se às necessidades diárias.
Desenvolvimento de uma gestão de qualidade
Repensar a prática dos serviços é o caminho para superar fatores de baixo desempenho. A falta de recursos, humanos ou materiais, atrapalha as rotinas e exige que todo o funcionamento da instituição seja repensado.
Toda unidade de saúde, seja ela Secretaria, Hospital, Clínica ou Consultório, é uma unidade social. Ou seja, corresponde a uma combinação de pessoas, recursos e tecnologia para atingir seus objetivos.
Assim, são criados padrões de funcionamento, previstos em um planejamento estratégico bem fundamentado. Para isso é preciso integrar recursos e áreas, modificando o clima organizacional e adaptando as ações ao cotidiano da instituição.
Essa concepção é conhecida, na administração, como contingencial. Isso significa que a organização só pode ser compreendida, da forma como se almeja, quando o que nela acontece está envolvido em uma rede de causas.
Nas unidades de saúde, pessoas e tarefas se relacionam o tempo todo. O que varia é a complexidade da função, tempo gasto, tecnologia implantada e objetivos.
Nesse sentido, todos devem ser incluídos nos processos. Isso inclui o usuário, que precisa saber que a sua participação nas decisões, mesmo que indiretamente, é valorizada. Assim, é possível garantir a satisfação com o atendimento e fidelizar pacientes.
A gestão assume papel determinante, sendo sua obrigação combinar pessoas e recursos que evidenciem a missão institucional. Isso requer, além de planejamento, coordenação, direção e controle de todas as situações.
O gerenciamento passa pela instauração de uma cultura que leve os colaboradores a trabalharem em prol de objetivos comuns. Mobilizar e comprometer os funcionários são, talvez, algumas as funções mais difíceis do administrador.
A elaboração de ações que contribuam para o maior comprometimento, está diretamente relacionado a processos de mudança internos.
Implementação de um sistema de gestão
A grande responsabilidade do gestor é tomar decisões. Qualquer equívoco pode alterar todo o funcionamento da instituição e afetar a assistência ao usuário. Por isso, é essencial dispor de um sistema de informações gerenciais.
O uso de programas operacionais evita desperdícios, acelera atendimentos e desobriga os colaboradores de atividades burocráticas. Essas consequências melhoram a comunicação e o planejamento, já que passa a existir uma centralização de informações.
Ao optar por um sistema de gestão é possível integrá-lo a softwares que disponibilizam informações completas. As soluções podem variar de acordo com a necessidade de cada instituição, mas todas as atribuições e alterações são atualizadas no utilitário em tempo real.
Os recursos em Tecnologia da Informação são contratados por licença, são modulares e apresentam valores escaláveis. Alguns apresentam soluções para a jornada do paciente, outros se dedicam à gestão dos centros clínicos. O que não muda são as facilidades na rotina.
É possível ter acesso ao que há de mais moderno com baixo custo e várias vantagens, como por exemplo:
- integração dos processos de toda a rede de atenção à saúde;
- redução do tempo de espera para marcação de consultas e exames;
- aumento do índice de satisfação dos usuários com os serviços prestados;
- melhora na acessibilidade dos usuários a medicamentos;
- aperfeiçoamento na gestão de estoque e compras, com consequente redução de desperdícios de insumos e medicamentos;
- maior controle do panorama organizacional;
- agilidade no acesso das condições clínicas de cada usuário, reduzindo erros médicos.
Em suma, o bom gerenciamento em saúde une tecnologias e capacidades administrativas. Desse modo, é possível criar métricas fundamentais que podem ser usadas no planejamento hospitalar, modificando para melhor a rotina clínica.