O chamado ABCDE do Trauma é uma série de precauções criadas para proteger a integridade de um paciente em situação de risco. Diferente do que alguns imaginam, esse procedimento não é executado somente por profissionais da saúde, já que você não precisa saber tudo sobre trauma para estar apto a colocá-lo em prática.
Desde sua criação, que remonta aos anos 70, o ABCDE do Trauma foi imediatamente reconhecimento na medicina, afinal, sua eficiência é incontestável para as unidades de saúde. No pronto atendimento, por exemplo, esse método é o mais utilizado pelos socorristas, principalmente por proporcionar rapidez e segurança no atendimento das vítimas.
Caso você queira aprofundar seu conhecimento na história desse protocolo, entender sua função, etapas e utilização, continue lendo este post!
Por que o nome ABCDE do Trauma?
O termo foi escolhido por Jim Styner, um cirurgião ortopédico que desenvolveu os protocolos semanas após sofrer um acidente. Na posição de paciente, o médico percebeu a necessidade de disponibilizar seus estudos para a criação da metodologia.
A sigla é referente aos seguintes termos:
- A – airway;
- B – breathing;
- C – circulation;
- D – disability;
- E – exposure.
Como funcionam as etapas do método?
Como já mencionado, o ABCDE do Trauma é dividido em cinco letras e cada uma delas representa um termo em inglês. Abaixo, uma explicação mais aprofundada sobre cada uma das nomenclaturas:
A de airway- via aérea
Nesta etapa, deve-se examinar cuidadosamente o controle da coluna cervical. E, da mesma forma, é necessário averiguar se há algum bloqueio nas vias nasais. O cuidado mais importante neste estágio é evitar lesões na coluna.
Outro importante ponto é ficar atento aos sintomas de edemas no rosto do paciente, pois, se alguma anormalidade for reconhecida, é necessária a utilização do colar cervical.
B de breathing – respiração
O objetivo desta fase é checar se a pessoa está realmente respirando. O primeiro passo é analisar a movimentação do tórax e auscultar – escutar ruídos pulmonares – para eliminar alguma lesão torácica. Feito tudo isso, caso haja necessidade, utilize métodos de ventilação mecânica.
C de circulation – circulação
A terceira parte do ABCDE do Trauma é considerada uma das mais importantes em todo o processo. Aqui, o socorrista deve impedir que a vítima tenha uma hipovolemia, ou seja, uma diminuição anormal do volume do sangue.
Se houver alguma hemorragia, é preciso apalpar, verificar o dorso e identificar sua origem, para procurar formas de contê-la. A coloração da pele e a pressão arterial do pulso são alguns sinais que também devem ser checados.
D de disability – incapacidade
Neste momento, deve ser feito um exame neurológico no paciente. Existem diversos processos para efetuar essa avaliação, um deles é o AVDI, que significa alerta, voz, dor e inconsciência.
O AVDI corresponde a uma sequência de estímulos para saber qual o estado real da vítima. Para o exame, é primordial fazer perguntas simples, como “qual o seu nome?”, e estimular a dor para analisar a reação.
E de exposure – exposição
Em muitos casos, para identificar fraturas e hemorragias, é necessário despir o paciente. Dessa forma, é comum que a temperatura do corpo abaixe, tornando o indivíduo suscetível à hipotermia. Para que isso não aconteça, deve-se cobri-lo com uma manta térmica até o hospital.
Como o ABCDE do Trauma é utilizado no Brasil?
No Brasil, o curso para aprender o método chegou somente em 1989, onze anos após sua criação. Contudo, segundo a Sociedade Brasileira de Atendimento Integral ao Traumatizado (SBAIT), o trauma ainda representa a principal causa de óbito no país.
A SBAIT ainda estima que o atendimento a acidentes possa atingir nove bilhões de reais anuais. Neste valor, estão inclusos o tratamento pré-hospitalar, as sequelas, as despesas indiretas e a reabilitação.
Em um estudo realizado pela Organização Mundial da Saúde (OMS), o Brasil está na 56ª posição dos países com maior mortalidade no trânsito.
A questão tornou-se de saúde pública, e por esse motivo a SBAIT criou um plano chamado Projeto Trauma 2025. O intuito é provocar um debate médico e político com a sociedade a respeito do atendimento às vítimas.
Por sua vez, o Ministério da Saúde também criou a Linha de cuidado ao trauma na rede de atenção às urgências e emergências, para o Sistema Único de Saúde (SUS). O ideal é que todos tenham um atendimento de qualidade, tanto os usuários de serviços particulares quanto os do SUS.
Por que é tão importante investir no atendimento?
Para as instituições de saúde, investir em uma assistência de qualidade é imprescindível, começando pela equipe. Os profissionais precisam de um treinamento adequado para executar métodos com perfeição.
As entidades que procuram se destacar no setor da saúde devem priorizar os pacientes. No pronto atendimento, o cuidado deve ser ainda maior, pois um pequeno erro pode ser fatal. Por isso a importância de fazer com que cada colaborador esteja ciente das implicações dos traumas, as melhores formas de condução e como se dá a execução correta do ABCDE do Trauma.